Novo equilíbrio de juro baixo e câmbio mais depreciado permanecerá por um tempo, diz Campos Neto

A expectativa da autoridade monetária é o que chamou de novo equilíbrio

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse na segunda-feira que a expectativa da autoridade monetária é o que chamou de novo equilíbrio entre juro mais baixo e taxa de câmbio mais desvalorizada tende a persistir no país “durante um tempo”.

 

Foto: Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto 07/04/2020 REUTERS/Adriano Machado

 

Em entrevista à Record News, Campos Neto também voltou a avaliar que a economia já iniciou processo de retomada e a um ritmo acelerado, e frisou que, assim como as projeções para a atividade devem começar a melhorar, as estimativas para a inflação também podem subir.

“Entendemos que passamos por um modelo onde nós temos os juros um pouco mais baixos e o câmbio um pouco mais desvalorizado”, disse Campos Neto na entrevista veiculada na noite de segunda.

“Nós entendemos que esse novo equilíbrio é um equilíbrio que vai permanecer durante um tempo, ou seja, nós entendemos que, se o Brasil fizer o trabalho fiscal bem feito, nós conseguiremos sobreviver com uma taxa de juros mais baixa por um tempo mais longo, e o outro lado da moeda é um câmbio um pouco mais depreciado”, acrescentou.

Campos Neto frisou que a desvalorização cambial mais recente não foi restrita ao Brasil, ainda que no país tenha sido mais forte, mas se deu nos mercados emergentes em geral como resultado da forte saída de recursos em meio à crise, em março e abril. “De abril para cá tem estabilizado, não só para o Brasil, mas nos mercados emergentes de uma certa forma”, afirmou.

“A gente consegue ver que existe um retorno. Obviamente que o Brasil não recebeu nem perto da parte dos recursos que saíram, mas acho que, fazendo um trabalho onde se mostra qual é nossa agenda, o caminho do retorno da credibilidade, acho que esses recursos tendem a voltar rapidamente.”

Sobre a atividade econômica, Camos Neto afirmou que o pior impacto da crise da Covid-19 para o país se deu nas últimas duas semanas de abril e a primeira semana de maio. Desde então, o país “engrenou uma melhora” e os dados de junho estão relativamente fortes, acrescentou.

“Nós temos, por exemplo, dados de arrecadação, dados de tráfego, dados de consumo de energia, dados de fluxo financeiro. Esses dados corroboram com a visão de que o pior já ficou para trás e a gente vai ter um crescimento”, disse ele.

“E esse início da volta do crescimento tem sido de uma forma até relativamente acelerado”, completou.

 

Fonte: Reuters

https://br.reuters.com/article/businessNews/idBRKBN24731Q-OBRBS

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